sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Que seja la como for


Eh engracado como as vezes vc descobre que pecou. Situacao que vc se arrepende, na verdade, na hora, nao tem como vc saber que eh ou se vai. o que quero dizer eh que,sim, eh possivel vc pagar por algo que na hora julgou certo,
justo,
apropriado,
e foi errado.
Nao conhecer a regra do jogo nao exclui o desapontar. E o acerto? Quando acertamos?


Desalento

Composição: Chico Buarque - Vinicius de Moraes





Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Relacionamento no fim...

Estava eu ouvindo los hermanos e pensando em nada na verdade, qd comecou essa musica. Imaginei na hora todas as pessoas queridas de todos q estao aqui na libya, ou em qualquer outro pais, ou lugar distante, seja la  onde for estamos todos com o mesmo par.


Veja Bem, Meu Bem

Los Hermanos

Composição: Marcelo Camelo

Veja bem, meu bem
Sinto te informar que arranjei alguém
pra me confortar.
Este alguém está quando você sai
E eu só posso crer, pois sem ter você
nestes braços tais.
Veja bem, amor.
Onde está você?
Somos no papel, mas não no viver.
Viajar sem mim, me deixar assim.
Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins.
Enquanto isso, navegando vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.
E eu nunca vou te esquecer amor,
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz.
Veja bem além destes fatos vis.
Saiba, traições são bem mais sutis.
Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado "Saudade'.

sábado, 2 de outubro de 2010

OBSESSÃO
 
ali a linha
que atravessa
o labirinto
ali o fio
da meada
interminável
 
obsessão
 
(toda peça
— adultérios, incestos, tabus —
a mesma peça
em nelson
todo poema a mesma pancada
em cabral
toda canção a mesma levada
em benjor)
 
obsessão
 
o cara só pensa nisso
a mina não entra em outra
 
obsessão
 
ali a ilha
nesse mar
tão desmedido
ali a luz
no escuro
inexpressivo
 
obsessão

(do livro: Belvedere [1971-2007]. autor: Chacal. editora: 7Letras / Cosac Nairfy.)
OBITUÁRIO LITERÁRIO 
COM FIGURAS DE GATOS E RATOS
 
os ratos roeram a vida dos poetas
— livres do peso das letras, os estetas
 
em outras esferas escreverão, pois,
no cavo, vácuo profundo, sem voz, à foice
 
(esta persiana a zerar o ar dos distraídos),
não mais poemas, já que lidos os labirintos,
 
nada mais resta, nada, nem a quem se
amar ou refutar, não esfria, nem aquece,
 
a luta com palavras já não faz parte de
paixões ou razões puras, nenhum alarde,
 
nada de metáforas, nenhuma metonímia 
— a menina de lá não dá mesmo a mínima.
 
os ratos, rudes e arrogantes orates,
gorjeiam na goela os corpos dos vates
 
e, ainda assim, nas estantes, talhados,
ficam os poemas — como nos telhados
 
gatos de gostos e colmilhos afiados, à leitura
nasal do rastro dos ratos, vigiam venturas.
 
de um pulo a outro salto, uma gangue
de gatos retalha a noite com sangue
 
de restos de ratos que das tripas, as tropas
de versos, vazam as mais soberbas sopas.

(do livro: Sangüínea. autor: Fabiano Calixto. editora: Editora 34.)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Drummond - em outubro


JOSÉ - Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?



Se me pergunto sobre o significado da propria existencia, e do mundo, vejo q poderia ser eu o Jose!!! As vezes Carlos!!!





Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
(trecho do poema “Não se mate”, de Carlos Drummond de Andrade)

cartas sobre a mesa


" Já que ela não era uma pessoa triste, procurou continuar como se nada tivésse perdido. Ela não sentiu desespero. Também o que é que ela podia fazer? Pois ela era crônica. Tristeza era luxo" - Clarice Lispector

Blog legal: http://a-letreira.blogspot.com/