Enviado por josé luiz (SP) em 29-01-2009.
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Roda Viva
Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente  estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a  roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num  instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco  é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A  mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a  roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num  instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer  serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a  roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num  instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo  ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a  roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda Morta
Sérgio Sampaio
O triste nisso tudo é tudo isso
Quer dizer, tirando nada, só me resta o  compromisso
Com os dentes cariados da alegria
Com o desgosto e a agonia da  manada dos normais.
O triste em tudo isso é isso tudo
A sordidez do conteúdo desses dias  maquinais
E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais,
eu mesmo e  o mundo dos salões coloniais.
Colônias de abutres colunáveis
Gaviões bem sociáveis vomitando entre os  cristais
E as cristas desses galos de brinquedo
Cuja covardia e medo dão  ao sol um tom lilás.
Eu vejo um mofo verde no meu fraque
E as moscas mortas no conhaque que eu  herdei dos ancestrais
E as hordas de demônios quando eu durmo
Infestando o  horror noturno dos meu sonhos infernais.
Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame
como a tara do  mais vil dentre os mortais
E morro quando adentro o gabinete
Onde o sócio  o e o alcaguete não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
Eu vivo disso e além disso
Eu  quero sempre mais e mais.
(2x)
mais e mais
 
 
